Bença
pai, bença mãe...
Eram
ditas como frases decoradas,
como
um hino angelical
saindo
dos meus lábios pueris
e já
se ouvia vozes fortes de guerreiros:
_
Deus te abençoe meu filho...
E no
frenesi contagiante da passarada
um
novo dia amanhecia
no
vale abençoado da poesia...
Bença
pai, bença mãe...
_ Deus
te abençoe meu filho.
Como
um vento varando teimoso
pelos
trilhos enfeitados da primavera
cortando
atalho nas curvas do tempo,
eu e
um beija-flor
chegávamos
juntos à escola.
O
beija-flor buscava o néctar da vida
e eu
buscava sabedoria para ser poeta.
Bença
pai, bença mãe...
No apagar das lamparinas
No apagar das lamparinas
com
o corpo leve como paina
sonhava
no colchão de palha.
Com
sempre, um anjo derramado do céu
escrevia
num quadro dourado
as
últimas palavras de meus pais:
_
Deus te abençoe meu filho!