quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

BENÇA PAI, BENÇA MÃE



Bença pai, bença mãe...
Eram ditas como frases decoradas,
como um hino angelical
saindo dos meus lábios pueris
e já se ouvia vozes fortes de guerreiros:
_ Deus te abençoe meu filho...
E no frenesi contagiante da passarada
um novo dia amanhecia
no vale abençoado da poesia...

Bença pai, bença mãe...
_ Deus te abençoe meu filho.
Como um vento varando teimoso
pelos trilhos enfeitados da primavera
cortando atalho nas curvas do tempo,
eu e um beija-flor
chegávamos juntos à escola.
O beija-flor buscava o néctar da vida
e eu buscava sabedoria para ser poeta.

Bença pai, bença mãe... 
No apagar das lamparinas
com o corpo leve como paina
sonhava no colchão de palha.
Com sempre, um anjo derramado do céu
escrevia num quadro dourado
as últimas palavras de meus pais:
_ Deus te abençoe meu filho!


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