quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

LEMBRANÇAS BUCÓLICAS


Ainda me lembro
do velho carro de bois,
do rangido sonoro das rodas
como um violino desafinado
por estradas pedregosas.
Era um choro chorado.
Era um trabalho penoso.
Lá iam os bois perfilados:
_ Oi Canário!... Vamos Dengoso!...
_ Era a voz harmoniosa do carreiro.

Ainda me lembro
do moinho de fubá,
da paisagem bucólica
entre o riacho e o rochedo,
na grota d’água arborizada,
em meio ao verde
dos musgos umedecidos
reinava a roda d’água preguiçosa.
Era um recanto paradisíaco,
era o reino sagrado dos tico-ticos,
antigos fregueses de fubá.

Ainda me lembro
do engenho de cana,
de rudes formas bizarras.
Os burros sempre atrelados
giravam, giravam em círculo,
formava-se uma cascata
de garapa cheirosa
diretamente para o mundo
das guloseimas.

Ainda me lembro
do solitário monjolo,
das batidas compassadas,
ora socando café,
ora descascando arroz,
num tempo sem fim.
Puf... Puf... Puf...
Como as batidas
do meu coração.

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